Filipe Volpi
A velha fazenda lugar que morei
Até completar minha maior idade
Após alguns anos que me ausentei
Hoje estou aqui pra matar a saudade
Voltei pra rever meu querido recanto
Lugar que passei a minha mocidade
Mas quando avistei o velho casarão
Vi sobre o telhado cipós de São João
Escondendo dele a sua identidade
Ao entrar na casa já toda em ruínas
Fuçando encontrei numa velha gaveta
Cabeças de palha, pedaços de fumo
E um canivetinho de marca corneta
Carvão do braseiro em cima da taipa
Do fogão de lenha já meio cambeta
O meu desalento na hora foi tanto
Lembrei do poeta Batista dos Santos
Ao ver sobre a chapa a chaleira preta
Na biquinha d'água não vi mais a tábua
Aonde mamãe nossas roupas lavava
Um pouco pra cima do trilho da bica
O varal de arame também não estava
Do porão da casa foi levado embora
Toda ferramenta que papai usava
Somente o pilão feito de Cabreúva
Estava exposto sob sol e chuva
Pois ele a ninguém jamais interessava
O jardim já via em volta da casa
Tudo abandonado coberto de mato
O pé de roseira não existe mais
Morreu sufocado pelo arranha gato
A velha carcaça do carro de boi
Foi deteriorado pelo tempo ingrato
Vendo a cada canto pedaços de sonhos
Para não ficar ainda mais tristonho
Eu vou encerrar por aqui meu relato
Nos dias 07, 08 e 09 de julho de 2022, acontecerá na Praça da República em São Simão, o 27º FESICA – Festival Simonense da Canção, com entrada gratuita.
por Renata Robazza
Mohap Digital
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